ALÉM DA MONOCULTURA DA DIVINDADE: A MULTIDIMENSIONAL IMAGO DEI, Jorge Miklos
Este artigo explora a complexidade da imagem divina por meio de uma hermenêutica crítica, fundamentada na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, questionando as interpretações literais e superficiais da divindade. A premissa que sustenta a reflexão é a hipótese de que a representação de Deus nas culturas religiosas monoteístas, especialmente as abraâmicas, não corresponde à realidade psíquica de Deus (Imago Dei), conforme concebida pela Psicologia Analítica de Jung. A análise problematiza a visão de Deus como único, exclusivamente masculino, separado da natureza, exclusivamente bom e sem representação imagética, introduzindo o conceito de "monocultura da divindade". Essa monocultura limita a diversidade de experiências e símbolos religiosos, promovendo uma visão estreita e homogênea da espiritualidade. Fundamentado nos conceitos junguianos de arquétipos e do Self, o estudo postula que a unilateralidade, a exclusão do feminino, a desconexão com a natureza, a negação do mal e a iconoclastia criam uma rigidez psicológica e promovem conflitos internos e sociais. Culturas com visões divinas mais inclusivas demonstram maior integração e harmonia. Para uma compreensão mais inclusiva e complexa da divindade, o artigo propõe a valorização da diversidade, do feminino, a reconexão com a natureza, a integração do mal e a cultura da imagem na representação divina. Em conclusão, a monocultura da divindade não reflete a complexidade da psique humana. Uma representação divina inclusiva, diversa, feminina, ecológica e imagética pode promover homeostase interna e social, bem como uma maior consciência ecológica, essencial para a saúde mental e espiritual.